
“Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existem ternura e compaixão, completem a minha alegria; tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento”.( Fl 2,1-2)
Essa comunhão ao qual nos referimos é a união espiritual dos que crêem baseada na mesma fé e no mesmo projeto de vida. A primeira comunidade cristã tinha consciência de estar reunida pelo Espírito do Senhor, que fazia deles “um só coração e uma só alma”. (At 4,32).
Jesus e seus discípulos constituíam uma autêntica comunidade fraterna, onde tudo era posto em comum: preocupações, sofrimentos, interesses, esperanças, alegrias, os bens materiais e espirituais. Cristo os unia acima de todas as diferenças possíveis e imagináveis. No interior dessa comunidade, acontecia a convivência de todos e cada qual com Cristo e, por conseguinte, convivência fraterna dos discípulos entre si.
Os discípulos não estavam ali só por que eram amigos, mas por que cada uma tivera uma experiência pessoal com Jesus Cristo. Uniram-se sem se conhecer, sem consangüinidade, possivelmente, sem afinidade. Juntaram-se por que acreditavam em Jesus e o amavam, e conviviam porque o Próprio Jesus deu o exemplo e o preceito do amor mútuo. Ele mesmo era o mistério final daquela comunhão fraterna. E veja que, após Pentecostes eles eram conhecidos pelo o amor que os unia.
Assim sendo, também nós, DISCIPULADO DE JESUS CRISTO pelo simples fato de sermos cristãos, mais ainda por um desígnio particular do Senhor, devemos nos sentir impelidos ao cultivo verdadeiro dessa comunhão fraterna. Devemos compreender que na vivência e cumprimento de nossa vocação e missão “Ser e formar discípulos” ela é inerente ao nosso chamado. Só vivendo assim, seremos reflexos do amor de Deus para o mundo, cada vez mais individualista, malicioso, relativista... Só assim cumpriremos o mandato missionário de Jesus: “vão e façam o mesmo...”
Por isso nós precisamos estar atentos ao que verdadeiramente o Senhor quer que vivamos como comunidade discipular. Se nossa vivência não tiver baseada na experiência de Jesus, poderemos ser irmãos fraternos da boca pra fora e acabarmos sendo egoístas e farisaicos.
A verdadeira fraternidade vai se forjando no calor da convivência, na fraqueza de um e força do outro, na alegria, na tristeza, no suportar dos limites do outro, até que aprendamos que o ”irmão que está diante de mim não é aquele outro ser grave, piedoso, que anseia pela a irmandade, mas que é outro irmão redimido por Cristo, absolvido de seus pecados, chamado à fé e à vida eterna”, que “o Pai desse irmão é meu PAI. O Deus que me amou e me acolheu é o Deus desse irmão” e que necessitará passar por um processo maior ou igual ao que passamos e que para isso, muitas e tantas vezes precisarão dos irmãos para chegar se alcançar o desejado.
E não é fácil! Se assim fosse Jesus não teria se preocupado em se consagrar ao pai para que o egoísmo não tomasse posse dos seus que ele havia guardado enquanto estava com eles. Não teria chamado-os de irmãos após sua ressurreição, abrindo seus olhos indo para Emaús ( ), lhes dando a sua paz ( ).
Com Ele aprendemos que não dar para viver a fraternidade só com forças humanas, pois nos deteríamos muitas vezes nos sentimentos, naquilo que as pessoas falam de nós, palavras boas e não tão boas que deixam marcas profundas. Logo desistiríamos por acharmos o amor uma utopia e duramente difícil de vivê-lo.
Neste sentido, a centralidade da vida fraterna é Deus. Ela não é mérito meu, é um dom de Deus. Só ele pode nos dá a força constante de sairmos de nós mesmos e alcançarmos o coração do outro. Só Ele pode redimir os impulsos do nosso ser (orgulho, inveja, ódio, arrogância, ressentimentos, angustia, agressividade, ciúme) que lançam muitas vezes irmão contra irmão, atuando como forças de morte, que separam, obscurecem, obstruem e destroem a unidade.
Por isso, essa unidade, que é sempre uma graça, não se vive sem autêntica vida de oração. É no encontro com Deus, fonte de toda caridade, que aprendemos a amar-nos mutuamente, pois na medida em que vamos descobrindo e experimentando o amor de Deus por nós, mais queremos amá-lo e também amarmos nossos irmãos, a quem Ele tanto ama. E quando, vivermos em plenitude esse amor que é derramado em nossos corações pelo o Espírito Santo, o viveremos até as últimas conseqüências..
“O amor fraterno, na vida comunitária é alavanca para a nossa EVANGELIZAÇÃO e transborda no nosso APOSTOLADO”
Continua na proxima postagemm