MINISTÉRIO DE PREGADORES



“Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim, pelo contrário. É uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho.”(1 Cor 9,16)

Quando o Apóstolo Paulo fala, percebe-se que sua autoridade não se baseia em sua eloqüência, mas fala a partir de uma experiência profunda com o Ressuscitado e respaldado pelo poder do Espírito Santo.

Para ser um evangelizador, assumir como ministério a pregação, não basta ser um bom orador, mas, sobretudo, ter intimidade com Deus. È preciso ter uma profunda amizade com Jesus Ressuscitado, a fim de poder, depois, levá-lo ao coração dos seus irmãos. “O semeador só pode lançar a semente se ele mesmo a tiver. Se antes a tiver acolhido e cultivado-a em seu coração.”

O essencial de todo processo de evangelização e que deve ser assumido prontamente por aquele que prega é “semear Jesus nos corações.”

A primeira semeadura deve ser a de abrir o coração para que aceitem Jesus vivo, Salvador e Senhor (anúncio querigmático). A ele entreguem suas vidas e o acolham como seu Salvador pessoal. Enquanto Jesus não for acolhido, aceito, obedecido e amado, as verdades reveladas que estão na Bíblia e que são explicitadas no Catecismo dificilmente produzirão frutos sólidos de conversão, de vida santa e de boas obras. “Eis a semente verdadeira, a mais importante, a imprescindível, apresentada na parábola do Semeador.”

Portanto, o Evangelizador (pregador) não pode ser um mestre que ensina verdades abstratas. É alguém que anuncia uma pessoa viva, real, presente: Jesus Cristo. Não é também um professor de história antiga que fala da vida de Jesus, nem tão pouco aquele orador que fala sem vida e expressão para seus ouvintes, mas aquele que testemunha sua experiência, seu encontro pessoal com Jesus. É aquele que crê no que anuncia e vive porque crê no que prega.

O pregador deve crescer em seu ministério. Dedicar tempo, prostrar-se diante de Deus e suplicar a graça do Espírito. Sem a Força do Alto a evangelização é ineficaz. Ela é que impulsiona a cada um a anunciar o evangelho.

Procurar ser bom pregador, crescer naquilo que lhe foi dado como carisma não é presunção nem soberba, é antes de tudo uma grande responsabilidade, uma expressão de amor autêntico para qualquer servo de Deus que compreendeu o que Cristo revelou quando classificou bons e maus os administradores do Reino(Lc 12,42-48).

Contudo, o bom pregador não é necessariamente o que se expressa bem, mas o que produz frutos. Muitos acreditam que é apenas questão de ler bons livros ou retórica. Entretanto, a verdadeira sabedoria provém do Espírito Santo de Deus e se obtém, quando de joelhos nos prostramos diante da majestade e sabedoria do único Mestre que tem palavras de vida eterna.

Um dia São Tomás de Aquino visitou São Boaventura. “Quero que me faças um favor, lhe disse: Preciso que mostre tua biblioteca, quero ver que livros lês, porque te ouço falar tão bem que quero ver de que fontes bebes.” São Boaventura levou-o à sua cela, correu uma cortina, atrás dela estava um genuflexório frente a imagem de Jesus crucificado. Olhando-o fixamente nos olhos, lhe revelou: “aqui está a fonte de minha sabedoria, onde aprendo o que ensino.”

O pregador é aquele que antes de pregar vai beber na fonte. Assim sua pregação será uma exteriorização, uma verbalização da experiência maravilhosa de Deus que ele está fazendo. Isso exige uma atitude constante de escuta: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Essa atitude deve traduzir-se num constante “sentar-se aos pés do Mestre saboreando as sua palavras. O discípulo de Jesus aprende pela constante permanência na sua palavra, aprende com as atitudes e os gestos de Jesus”.

Compreendemos agora que “anunciar” o Filho de Deus é viver conectado, alimentado pela Palavra e a Eucaristia, mas é também dispor de elementos que nos ajudem.
Na grande maioria das pregações, a estrutura comporta três partes: preâmbulo (o que precede), corpo e conclusão. Não é ficar ligado a ritos e fórmulas, porém uma pregação não precisa apenas de frases persuasivas. Precisa antes de tudo, de um tempo de preparação, oração e um plano lógico, visando um progresso de interesse que intensifique a compreensão de quem escuta e os levem a uma experiência pessoal e única com Deus.

O grande desafio dos pregadores é muitas vezes supor que, pelo fato de alguém ser batizado e ter feito a primeira comunhão, já está evangelizado, já tenha feito uma opção profunda por Jesus. Infelizmente, como afirma Pe. Pedrine, muitas vezes temos que ouvir de inúmeros cristãos batizados: “encontramos Jesus nas seitas”.
Quando pregamos fazemos em nome de Jesus, portanto deve ser um momento de que, tendo a Deus como senhor de tudo, dispomos nosso ser, nossa voz, nosso coração para que o Bom Deus fale através de nós...

Por isso, aqueles que recebendo de Deus o carisma da pregação, deve cultivá-lo, buscando crescer em todos os sentidos. Afinal, pregador não é aquele que dá aula sobre Deus (teologia), mas que comunica o Evangelho a partir de sua experiência pessoal com Jesus.
Vale ressaltar que mesmo aos mais experientes em pregação, o processo de colocar-se aos pés de Jesus não é diferente. Nunca, mesmo tendo adquirido a prática no que peculiar aos pregadores, devemos descuidar do que é de Deus, sob o risco de sermos desenxabidos, frios com a Palavra que é de Deus e que precisa ser semeada aos corações. A Palavra de Deus é sempre nova e deve ser anunciada com entusiasmo, com o vigor do Espírito santo.

Como discípulos de Jesus estejam firmes e de prontidão. Tudo o que é de Deus e por Deus deve ser bem feito. Mãos e corações à obra!