Optar por Cristo



Todos nós temos dificuldade para assimilar as palavras de Jesus

Diariamente somos “experimentados” em nossa liberdade de escolha. Ao mesmo tempo, somos convidados a fazer o mal e solicitados a praticar o bem; assim como a seguir os critérios do mundo e a não nos conformar com ele, mas a transformar-nos renovando a nossa maneira de pensar e julgar, buscando o que é da vontade de Deus (cf. Romanos 12, 1-2).

Quem de nós não foi tentado a “olhar para trás” (cf. Lucas 9, 62) depois de ter prometido amor e fidelidade a Deus, ao cônjuge, ao amigo? Aliás, falar de “fidelidade” em nossos dias tornou-se algo complicado e problemático...

Ontem, como hoje, Jesus é “sinal de contradição”. Segui-Lo, comprometer-se com Ele, com o Seu projeto, com a causa do Reino que Ele veio implantar, não é para quem costuma ficar “em cima do muro”. A opção por Ele deve ser definitiva e incondicional. Não há lugar para o descomprometimento. Escolher um caminho é preciso. É necessário tomar uma posição concreta e transparente: servir a Cristo ou aos variados ídolos que o mundo apresenta e segue. Não se pode ficar indiferente. “Se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje quem quereis servir” (Josué 24, 15). Não há outra opção nem uma terceira via. Continuar com Cristo ou ir embora. Há “Caminho” melhor do que optar por Cristo?

É possível cansar-me de ser bom e fiel, de praticar o bem, de me comprometer com a verdade, a justiça, a caridade, o amor? É possível fartar-me da Eucaristia dominical, da frequência dos sacramentos, da leitura e meditação da Palavra de Deus? E o que fazer quando a fidelidade conjugal e familiar começar a pesar, a descrença me assediar e o Evangelho a ser palavra dura?

Murmurando, “muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com Ele [Jesus Cristo]” (João 6, 66), porque a Sua palavra era “insuportável” aos ouvidos e incompreensível à razão humana.

“Também vós quereis ir embora”? (João 6, 67).

No seguimento de Jesus só se aceitam voluntários e incondicionais. Os milhares de pessoas na multiplicação dos pães ficaram reduzidos ao pequeno grupo dos amigos mais íntimos de Cristo. Para receber regalias e benefícios pessoais jamais faltarão multidões entusiastas. Ao contrário disso, os verdadeiros discípulos de Jesus são sempre minoria.

Quando as exigências da fé crescem, a debandada é geral. A maioria entende mais de pão do que de discipulado. Quando tudo corre bem, a adesão a Cristo fica mais convidativa. Mas a fé não pode ser confundida com seguro de vida ou convênio de saúde. Ela traz em si exigências que inquietam e levam à “desinstalação”.

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (João 6, 68). Cristo apresenta-se como opção única e absoluta. Não há outro messias a escolher, não há outro caminho a seguir.

Todos temos dificuldade para assimilar as palavras de Jesus em nossa vida. Justamente porque pensavam em categorias “carnais”, muitos ouvintes de Jesus não podiam aceitar um Messias que viesse numa “carne” humana, isto é, humilde, manso, servo, alheio ao sonho de grandeza, fato próprio de quem se deixa seduzir pelo mundo materialista e pagão. A “carne” de Jesus não combina muito com a nossa sede de sucesso, com o incômodo da partilha, com a entrega da nossa “carne” para a vida do mundo. Confundimos a “glória” de Cristo com “espetáculos religiosos”. Viramos o rosto para Sua imagem desfigurada na pessoa de mendigos, de drogados, de bandidos e sofredores de rua. Essa é uma “carne” que nos incomoda e seria melhor passarmos longe dela, mesmo sabendo que as pessoas sofridas podem ser, também, alimento para a nossa caminhada e certeza da posse do Reino que o Pai preparou para os seus “benditos” (cf. Mateus 25, 33. 34).

Tudo passará. Inexoravelmente. Só Cristo permanece como única esperança para o ser humano sedento de valores perenes. Só a Sua Palavra é mais resistente do que o tempo, capaz de assegurar a vida eterna.

Enquanto perdurar nossa peregrinação na fé e na esperança rumo à eternidade, cabe a nós a decisão da escolha entre o Bem e o Mal, entre Deus e outros ídolos. Na vida de todo ser humano chegará o momento da escolha definitiva. A minha opção, a minha única opção é por Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna.

Dom Nelson Westrupp
Bispo da diocese de Santo André (SP)

As armas contra o inimigo


O demônio tenta nos enganar de várias maneiras

Muitos cristãos, ao tomarem a decisão de seguir ao Senhor, pensam que vão ter uma vida mais tranquila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Cristo. Até mesmo os santos foram perseguidos. O interesse do maligno é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor.

Isso não é motivo de nos levar a uma crise. Não temos motivo para temer o inimigo, pois ele já foi derrotado. O demônio é que tem de ter medo de você, e a razão é simples: nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino. O maligno tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado a nós. Ele tenta nos enganar de várias maneiras, mas tem uma técnica que ele usa frequentemente para nos atacar: é o desânimo, o desencorajamento. O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de ir em frente.

Vamos olhar para São Pio de Pietrelcina. Quando um analista do Vaticano disse que ele era um psicopata, este santo entrou numa crise tremenda. Ele olhou para seus estigmas e se questionou se tudo era falso. Madre Teresa de Calcutá, no seu leito de morte, também viveu uma grande crise ao sentir o amor de Deus longe dela. O bispo teve de enviar um exorcista até ela e convencê-la de que aquele sentimento não vinha de Deus.

É muito normal que também nós vivamos esses momentos de crise. Seguir Jesus num momento de entusiasmo é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento é difícil. O inimigo virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansiedade, tristeza. É nosso papel lutar contra essas táticas que ele usa para nos desanimar. A tática que ele também utiliza é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.

O maligno diz que por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. Muitas vezes nós pensamos que as tentações são somente relacionadas ao sexo, à raiva, aos sentimentos de ódios. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus.

O inimigo faz de tudo para que nós saiamos do caminho da vontade do Senhor. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou ao alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo que elas pertenciam a Ele [Jesus]. A tentação do inimigo a Cristo era muito atraente. O Pai dizia para o Filho ir para a cruz e o inimigo pedia que Ele desobedecesse ao Pai e tomasse posse daquelas cidades. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo diz: “Afasta-te de mim, satanás. Eu adoro somente ao Pai”.

Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas não precisaremos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante da Eucaristia, porque ela é sinal de humildade. Jesus quis, por um momento, aniquilar a Si mesmo, entrando nas espécies do pão e do vinho para ficar perto de nós. Uma outra arma forte contra o inimigo é o Sacramento da Confissão. Este sacramento é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

Momentos de desânimo podem acontecer em nossas vidas. Quando isso acontecer se agarre a Virgem Maria. Um jovem teve uma visão na qual ele precisava construir uma barco para atravessar o oceano. Enquanto ele construía este objeto as pessoas diziam que ele não iria conseguir e que ele não conseguiria vencer a fúria do mar. Até que aquele rapaz terminou de construí-lo e começou a remar em direção à longa jornada no oceano. Mas um amigo disse a ele: “Meu amigo, tenha coragem. Seja forte!” E aquele jovem olhou somente para aquele homem que estava dando força para que ele continuasse. E toda vez que ele sentia o desânimo se aproximar ele se lembrava daquelas palavras do amigo.

Muitos poderão nos chamar de doidos, de loucos, mas há uma Maria que está gritando em nossos ouvidos: “Boa viagem! Não tenhais medo do inimigo. Não desanimem porque a vitória é nossa. Uma vez que Jesus Cristo derrotou o inimigo, com o Senhor nós também o derrotaremos.” A Santíssima Virgem Maria nos diz hoje: “Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Vão em frente. Vocês serão vencedores!”

Rogue pela intercessão da Mãe, clamando: Maria, nós cremos em Ti, porque Tu és nossa Mãe. Nenhuma mãe deixará o filho em perigo sem dar a ele uma mão, sem ajudá-lo. Maria, sabemos que Tu estás conosco, e por causa de Ti nos sentimos seguros.
Nossa Senhora nos diz: “Faça tudo o que Ele lhe disser. Vá em frente. Não desanime!
Lembre-se das palavras de Jesus: ‘Eu sou, porque nada é impossível para aquele que crê’”.

Frei Elias Vella
Franciscano conventual, líder da RCC na Ilha de Malta

Precisamos de determinação para meditarmos a Palavra de Deus



Não devemos ficar só na intenção de ser de Deus, mas precisamos lutar e nos esforçar para ser de Deus. O demônio tem tentado nos impedir de viver o primeiro mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Por isso é uma luta!Para quem descobriu que ser de Deus é o essencial na sua vida, e tem o propósito de uma entrega total ao serviço do Reino, precisa levar adiante esse projeto com fidelidade e constância, superando o comodismo, o relaxamento ou a preguiça.

Recentemente recebi uma mensagem que falava de uma convenção mundial dos demônios, onde satanás dava as diretrizes aos seus demônios, especialmente sobre como deveriam fazer para impedir que os cristãos tenham um relacionamento íntimo com Jesus, o Salvador, pois, dizia ele, “uma vez que ganham essa conexão com Jesus, o nosso poder sobre eles está quebrado, então vamos roubar-lhes o tempo que têm, a fim de que não sobre tempo algum para eles desenvolverem um relacionamento com Jesus Cristo”.

Os demônios gritaram: “Como vamos fazer isto?”

Satanás respondeu-lhes: “Mantenham-nos ocupados nas coisas não essenciais da vida, e inventem inumeráveis assuntos e situações que ocupem as suas mentes.” E ele descreve muitas situações que os homens e mulheres “modernos” vivem hoje em nossa sociedade, enganados pelo prazer, pelo poder e pelo ter, perdendo o que é essencial: Ser amigo de Deus!

A partir desse relato, e assumindo a nossa missão de formar homens para um mundo novo, pensei em escrever para estarmos atentos, a fim de não cairmos na armadilha de satanás.

Já há alguns anos as empresas ministram cursos para os seus funcionários sobre como administrar melhor o seu tempo, no intuito de um rendimento melhor no trabalho. Para meditarmos a Palavra de Deus, diariamente, também necessitamos de utilizar bem o tempo.É um aprendizado! É um treino! Antes da nossa vida de oração se tornar um hábito, precisamos de determinação e fidelidade ao nosso horário, pois o hábito se faz repetindo várias vezes o mesmo procedimento.

Nós encontramos tempo para tudo em nossa vida, menos para a prática da nossa vida espiritual. Priorize Deus em sua vida, e certamente você encontrará tempo para ficar com o essencial: ser de Deus e ter um relacionamento de amizade com Jesus, Nosso Senhor. São Francisco de Sales dizia: “Sem disciplina não há santidade”. Determine-se! Lute contra o comodismo, relaxamento e a preguiça!

Aproveite este mês da Bíblia para administrar melhor o seu tempo, iniciando com esmero e fidelidade a meditação da Palavra de Deus.

Marina Adamo